Nasceu em 1886, em Basel, na Suíça. Era um teólogo reformado, porém também era pastor. Em 1911 pastoreou em Safenwyl. Em 1921 foi professor de teologia reformada em Goettingen, em 1925 foi professor em Muenster-in-Westphalia e em 1930 foi professor em Bonn. Em 1935 os nazistas o exilaram, e então ele foi professor em Basel até 1968, ano de seu falecimento.
Ele foi aluno de Harnack, e foi influenciado pelo neokantianismo e por Kierkegaard e também pelo socialismo de Ragaz e Kutter. Quando a teologia liberal estava no auge, ele se rebelou contra seus professores e em 1919 escreveu seu comentário sobre o livro de Romanos, onde praticamente começou a surgir uma nova ortodoxia. Teve influência do reformador Calvino, principalmente por volta de 1925. Enfatizava a teologia bíblica, porém com conclusões racionais. Era um homem de caráter forte e de propósitos e entrou em conflito contra a igreja do estado nazista. Muitos acham que Karl Barth era liberal, mas na realidade ele não gostava do liberalismo religioso e até se manifestava contra. Ele tinha o desejo de retornar a teologia à bíblia e aos princípios reformados. Enfatizou a transcendência de Deus e a realidade do pecado, como também a soberania de Deus, a graça e a revelação. Reconhecia que as escrituras têm imperfeições, mas que a bíblia é a fonte da revelação de Deus como também veículo. Rejeitava o misticismo cristão, e dizia que os liberais falharam, sendo a solução para o mundo o retorno aos antigos princípios religiosos. Barth foi treinado no liberalismo alemão, talvez isso fez ele desapontar com o nazismo. Ele foi um grande expoente da teologia da crise, pregando que a Palavra de Deus é o registro da revelação do Transcendente. Sua teologia propriamente dita é interessante, pois ele achava que as idéias humanas sobre Deus eram meras especulações. A verdade se manifesta pela graça e não pela razão como era defendido por muitos na época. Dizia que a religião têm tendências idólatras, ou seja, revelação era diferente de religião. As experiências místicas devem ser apoiadas nas escrituras e na tradição cristã. O ponto de partido da teologia de Barth era Deus e não o homem, sendo assim aceitava a cristologia clássica e o dogma da trindade, ou seja, suas análises teológicas partia de cima, da trindade, da revelação, da graça, e não das necessidades do homem. Suas principais obras foram: Epistle to the Romans,1919; Word of God and Word of Man, 1928; Anselm, 1931; Church Dogmatics, 4 volumes, 1923-1935; Credo,1935; Dogmatics in Outiline,1947; Evangelical Theology, an Introduction,1962.
2) Emil Brunner.
Nasceu em 1899 e morreu em 1966. Foi um teólogo protestante suíço, sendo que sua formação acadêmica foi em Berlim e Zurique. Foi professor também em Zurique. Brunner não se encaixava no liberalismo protestante e também não se encaixava totalmente na neo-ortodoxia e teologia da crise, ficando assim num estágio “transitório” entre as duas correntes. Defendia que o livre arbítrio é uma verdade soteriológica, porém não é o homem que provê a si próprio a salvação, ou seja, a salvação é dada por Deus, mas o homem possui características naturais para corresponder a Deus, isso em nível soteriológico. Ele, assim como Barth, rejeitou o misticismo cristão, porém afirmava que a razão não pode solucionar todos os problemas da vida, idéia que vai(bate) de encontro a muitos filósofos racionalistas. Afirmava também que há no mundo muitos mistérios e que a teologia não têm o poder de resolver todas as questões, por isso ela possui tantas contradições e seria presunção dela querer resolver esses mistérios. Abordou algo importante para a sociologia ao dizer que a política e a tecnologia podem despersonalizar o homem, e é nesse ponto que entra a teologia, pregando que a revelação cristã visa o homem. Brunner afirmava que a revelação não é proposicional, ou seja, a bíblia é simplesmente o registro da revelação de Deus aos homens e não foi ditado por Deus no processo de escrituração. Brunner era um homem que não discutia tópicos que diziam respeito a milagres ou nascimento virginal, mas seu conceito de espiritualidade era mais em nível de práxis e não de experiências místicas. Sua teologia era formada tendo Cristo como centro de qualquer idéia, assim sendo opôs-se ao intelectualismo teológico. A ética era um assunto a ser vivido no cotidiano, ou seja, combinava a crítica de Kant com o realismo do luteranismo. Apoiou idéias de filósofos como Ebner e Buber que enfatizavam a relação entre o homem e Deus. Apesar de defender o livre arbítrio indiretamente , dizia que o homem é pecador e sempre se revoltará contra Deus, porém se o homem reagir a essa revolta, ele terá o auxílio do Espírito Santo que o tornará uma “nova criatura”. Um dos pontos mais interessante de sua teologia é que ele ensinava que à vontade de Deus se manifesta através da família, do trabalho, da igreja, da cultura, do estado…, sendo assim o relacionamento com a sociedade nos ajuda a identificar como a vontade de Deus opera. Suas obras foram: The Symbolical in Religious Knowledge; The Mystic and The Word; The Fhilosophy of Religion of Evangelical Theology; The Mediator; The Divine Imperative; Man in Revolt; Chritianity and Civilization.
3) Rudolf Bultmann.
Nasceu em 1884 em Wiefelsted e faleceu em 1976. Teólogo protestante alemão, estudou em Marburgo, Tubingen e Berlim. Foi professor em Marburgo. Foi influenciado pelo existencialista Heidegger, por isso Butmann tornou-se um teólogo existencialista. Questões como o nascimento virginal de Cristo, os milagres do Novo Testamento, a ressurreição e a ascensão de Cristo, a existência de demônios, anjos, etc… , Butmann eliminava de sua teologia pelo o processo de demitização, pois achava que muitos dos relatos neotestamentários são frutos da imaginação do homem ou de elementos mitológicos presentes na cultura. Ele dizia que a bíblia fora escrito em linguagem mitológica, que é absoleta para os nossos dias. O teólogo moderno tem então a tarefa de demitizar a bíblia despindo-a de seus trajes lendários, mitológicos e tentando descobrir as verdades existenciais que se encontram nos textos. As pessoas só podem encontrar a mensagem do amor de Cristo mediante a demitização da bíblia. A bíblia em si mesma não é revelação, mas uma expressão primitiva pelo qual Deus se revela pessoalmente, mas não se esquecendo que antes temos que demitizá-la corretamente. Como já disse, Bultmann era existencialista, e um vocábulo bem usado neste meio era “angst”. Angst significa “angústia”, e era usada para descrever a situação básica do homem, ou seja, os existencialistas diziam que devido às situações trágicas que os homens enfrentam nesta vida, todos têm um sentimento de pavor e angústia dentro de si, porém o homem, ou melhor, a existência humana é boa e otimista; o existencialismo acaba entrando no campo do humanismo e às vezes até no ateísmo, como aconteceu com Sartre. Bultmann usa a teologia no meio existencialista, porém ensinando que o khrugma(proclamação do evangelho) como sendo o meio de levar salvação aos homens, deve ser reinterpretada segundo a ótica existencialista, levando em conta a liberdade do homem e sua angústia. O khrugma seria determinadas idéias fundamentais religiosas e morais, seria uma ética idealista. Em se tratando de ética, ele explicava que o homem pode ser dominado por questões carnais, isso gera uma angústia que oprime o homem e o torna escravo, ou seja, nesse ponto ele é totalmente existencialista. Apesar dessas idéias existencialistas, Bultmann afirmava que Deus falou ao mundo através de Cristo e continua falando até hoje. A fé também em certo sentido foi defendida por esse teólogo ao dizer que a fé liberta os indivíduos do passado, trazendo liberdade para viver um bom futuro. O amor também teve espaço em sua teologia como sendo o imperativo fundamental de toda ética. Dizia que o homem precisa ter fé no espírito do evangelho cristão e não precisa de base histórica. Seus escritos foram: Jesus and the Word; Belief and Understanding; Theology of the New Testament; The Question of Demythologizing; History and Eschatology; Jesus Christ and Mytology.
4) Paul Tillich.
Suas datas foram de 1886-1965. Nasceu na Alemanha, mas viveu boa parte de sua vida nos Estados Unidos, onde foi professor no Seminário Teológico União, em Harvard e na Universidade de Chicago. Foi um teólogo-filófoso e representante do existencialismo religioso. Tillich abordava questões humanas com a teologia e as correlacionava até com a economia, as ciências e outros campos de estudo. Usava também a história para construir teologia. Ensinava que a teologia deve unir-se ao empreendimento humano, pois isso a completa e a livra de erros já cometidos na história. É portanto necessário que a teologia correlacione com a política, a ciência, a sociologia, a ética, a antropologia e etc. . Devido sua visão existencialista, dizia que a teologia sistemática deve ter também caráter apologético, analisando a situação do homem em geral, trazendo uma aplicação do evangelho. Usava muita linguagem simbólica, pois cria que o símbolo pode ter mais resultado que a mensagem direta. Os símbolos apontam para a realidade, mas a realidade não resolve os mistérios da vida. Nossos conhecimentos são sempre fragmentados e nunca trará a nós uma resposta de todos os mistérios da vida. Questões como ”céu e inferno” não podem ser literalmente interpretados, pois essas questões apontam para uma realidade mais concreta. Para Tillich, fé é a coragem de existir, essa é uma definição bem existencialista, e redenção é o homem ser um novo ser. A explicação tillichiana de Deus está no campo do existencialismo, pois afirma que Deus é o ser em si mesmo, sendo a resposta para o homem e para a história. Deus também, ao ser o ser em si mesmo, ele passa a ser o fundamento infinito e inesgotável da história. O homem vive alienado, sendo o pecado uma alienação, e sendo a resposta ou solução para essa alienação existencial o Novo Ser em Cristo. Esse teólogo não via a filosofia como inimiga da teologia, pelo contrário, Tillich não é somente um teólogo ou filósofo, mas é um teólogo-filósofo, isso é claramente percebido em suas obras; em seu livro intitulado “Perspectivas Da Teologia Protestante Nos Séculos XIX e XX”, o casamento entre o discurso teológico e a visão filosófica faz dessa obra um livro rico em conhecimento e que aguça no leitor um desejo de conhecer mais. Apesar de Tillich falar muito sobre os símbolos e as linguagens antropomórficas, ele também dizia sobre a morte dos símbolos, ou seja, de acordo que nosso conhecimento cresce e amplia, os símbolos vão perdendo força e a realidade se aproxima mais de nossas concepções. Tillich era um pouco cético em relação às definições de Deus, pois cria que o homem nunca terá a definição verdadeira de Deus, o máximo que pode acontecer é termos uma definição expansiva, mas não completa. Suas obras principais foram: The courage to be, The protestant era, Dynamics of faith, A history of Christian thought, Perspectives on 19th and 20th century protestant theology, Systematic theology
5) Dietrich Bonhoeffer.
Nasceu em 1906 e morreu novo, em 1945 num campo de concentração, isso porque se opunha a Hitler ativamente, até o chamou de anticristo. Enquanto vivia era desconhecido, mas após sua morte ficou conhecido por suas idéias sobre discipulado onde escreveu um livro chamado ”O Custo do Discipulado” onde ele mostra princípios morais e espirituais para o cristão; enfatizava também a disciplina dos crentes. Levava uma vida dedicada e piedosa, e claro com disciplina, combatendo a vida vivida sobre o âmbito do sagrado e do profano ao mesmo tempo, ou seja, ele percebia que em nossa vida devemos viver o que é sagrado. Pelo visto, a vida cristã de Bonhoeffer era vivida com piedade e práxis, por isso se opôs a Hitler. Esse teólogo via Deus como uma realidade única e que essa realidade opera em nós. Bonhoeffer enfatizava o evento histórico da revelação de Jesus Cristo, ou seja, ele via Deus atuando na história, indo contra idéias filosóficas e ateístas da época. Sua idéia sobre a filosofia não era muito concreta, pois por um lado asseverava que a filosofia coopera com o homem ajudando-o a obter a autonomia sobre si mesmo e sobre o mundo, mas por outro lado achava melhor o crente deixar as idéias filosóficas de lado, inclusive o que está inserido na ética e na ontologia. Apesar de ter vivido pouquíssimo tempo, Bonhoeffer escreveu algumas obras, que foram: The Communion of Saints; Act and Being; The Cost of Discipleship; Ethics; Resistance and Submission.
6) Reinhold Niebuhr.
Nasceu em Wright City, no Missouri (USA), 1892. Estudou no Elmhurst College, no Seminário Teológico Éden e na Escola de Divindade de Yale. Foi um destacado pastor e trabalhou na faculdade do Seminário Teológico União. Morreu em 1971. Ficou conhecido por ser envolvente nas questões públicas e por seu pensamento sobre a ética e apologética. Ensinava o pecado original e a posição caída do homem, fazendo parte da escola da neo-ortodoxia. Dizia que apesar do homem estar caído, ele é responsável pelos seus atos, ou seja, o homem é livre. Não era fascinado pela história como Tillich, cria que os conflitos vividos pelo homem vão além do processo histórico, é claro que sua crença na queda do homem e do pecado original, influencia diretamente esse pensamento pendente para a ortodoxia. Sabemos que foi no século XX que a pneumatologia começou a se desenvolver com mais intensidade, porém Niebuhr não salientou o estudo do Espírito Santo, mas na cristologia ele referia-se a Cristo como a “chave” do mistério da existência humana, o “símbolo” do amor eterno. Com apoio em seu pensamento ético ele rejeitou o liberalismo religioso. Gostava dos escritos agostinianos sobre a natureza humana, mas negava a doutrina da total depravação do homem, ou seja, ele rejeitava a concepção calvinista de depravação total, porém não negava a trágica posição do ser humano. Esse teólogo via a verdade apresentada na bíblia, e não a encarava como elemento metafísico. Certa época de sua vida apoiou o marxismo e o pacifismo, mas depois rejeitou essas idéias justamente devido à visão amartiológica marxista, isto é, falta ao marxismo uma compreensão sobre a pecaminosidade do homem, e automaticamente um importante ponto da questão de como o homem pode ser aprimorado. Na política ele reconhecia as irracionalidades do homem, mas buscava meios de dar racionalidade e direção a ele. As mudanças institucionais eram mais importantes do que as mudanças no coração do homem. Niebuhr achava o capitalismo adequado para o meio político, sendo que este sistema pode trazer boas modificações para sociedade. Seus escritos foram: Moral Man and Immortal Society; An Interpretation of Christian Ethics; Beyond Tragedy; Christianity and Power Politics; The Nature and Destiny of Man; The Children of Light and The Children of Darkness; Christian Realism and Political Problems; Pious and Secular America.
Essas personalidades foram os principais teólogos contemporâneos, mas teve inúmeros outros como: Oscar Cullman, Serghiei Bugakov, Ghiorghiou Florovsky, Wladimir Lossky, Henri de Lubac, Von Balthasar, Jurgen Moltmann…, esse último é conhecido devido à “teologia da esperança
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