Ao nascer e receber o ar em nossos pulmões pela primeira vez, inauguramos a vida com o choro dos que vivem - é o choro da vida! Passamos a viver plenamente, sendo quem somos e recebendo todo cuidado necessário para que nos desenvolvamos através do tempo.
A medida que crescemos nosso lugar vai sendo garantido e legitimado por meio da nossa documentação - temos uma certidão de nascimento, tiramos nosso CPF e RG, nos quais informamos ao mundo nosso nome, idade, gênero, filiação, naturalidade e nacionalidade. E quanto mais o tempo passa, mais fica claro que há uma enorme diferença entre existir e viver.
Existimos quando ocupamos um lugar no mundo, na família, na escola, no trabalho, na sociedade, na religião - de alguma maneira nos sentimos parte porque nos encaixamos e nos misturamos aos demais. Cumprimos as nossas responsabilidades e caminhamos em direção ao destino irremediável de todo ser humano: a morte. Apesar dos dilemas existências, conseguimos um lugar, uma rotina, costumes, regras, padrões e avançamos.
Chegamos ao ponto de refletir sobre como estamos, tendo ocupado o nosso lugar e tendo a nossa existência legitimada. Algo para além de existir nos desperta a consciência de que não fomos criados unicamente para estar aqui, ocupando posições e porfiando para manter a nossa existência. Para além do existir, somos desafiados a viver; e viver significa desfrutar plenamente da nossa constituição física, emocional, psíquica, espiritual, e de todas as possibilidades que a vida nos oferece. Desfrutar, essa é a palavra que melhor define viver!
Muitos, e talvez a maioria de nós, existe, sem contudo viver. Acredito que a maior interrupção da vida acontece quando temos que nos esconder, criando personagens para cada âmbito que ocupamos - não podemos ser quem somos e não podemos fazer nada do que queremos. Até o choro que representa o início da vida, por vezes nos é negado no fim dela, pois para muitos o choro representa fraqueza.
Texto: Reverendo Marvel Souza (Instagram: https://www.instagram.com/marvelsouzaoficial/)
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