"Em cinco de agosto, um desmoronamento na mina de San José, no deserto do Atacama, no Chile, deixou
trinta e três operários presos em uma galeria a setecentos metros de
profundidade. Após dezessete dias de sondagens, as equipes de resgate
conseguiram contato com o grupo, por meio de uma sonda enviada a cerca de
seiscentos e oitenta e oito metros de profundidade.
Um dos funcionários da mina relata
ter ouvido as batidas da máquina – havia começado uma cuidadosa operação de
salvamento, inicialmente prevista para durar até quatro meses.
Em entrevista, os mineiros contam que pensaram
até mesmo em canibalismo, para sobreviverem. Um deles relata que, ao ouvir o
barulho da sonda que estava sendo enviada, teve esperança.
No dia treze de outubro, após
sessenta e nove dias de confinamento, todos os trinta e três mineiros foram
resgatados.
Você, como eu, pode nunca ter
passado por uma circunstância que se assemelhe a essa – nunca estivemos
soterrados em uma mina, nem pensamos em canibalismo, ou passamos tanto tempo sem
ver a luz do Sol. É certo que pouquíssimas pessoas já enfrentaram algo assim.
Você pode não ser caçador(a)
de ouro, mas duvido se não já procurou preciosidades para sua vida. Escavou
fundo a vida para tentar descobrir algo que o enriquecesse; e isso não tem nada
a ver com dinheiro, e, sim, com o que o faz feliz.
Usou todas as ferramentas
possíveis. Tirou muita terra. Cansou-se. Sujou-se. Passou noites em claro,
pensando no que faria se encontrasse o que tanto procurava.
Quando finalmente descobriu o objeto
de seu esforço, você foi surpreendido – enterraram você e seu sonho.
Não havia como voltar: já estava
feito! Agora teria de encarar as consequências de sua busca incansável.
Diferente dos mineiros do Chile,
você não ficou apenas sessenta e nove dias preso, foram anos. Estava sufocado,
sujo, cansado, machucado. Achou o ouro, mas o que fazer com ele agora? Morrer
abraçado a ele?
Não são poucas as pessoas que
encontraram o que tanto procuravam, mas não sabem o que fazer depois, pois
estão sufocadas pelas crises que surgiram para as impedirem de ser feliz.
Você busca ajuda, precisa ver a luz
de um amanhecer, ouvir o canto dos pássaros, respirar, precisa dar o passo
seguinte.
Em meio a tanto desespero, você
ouve vozes. Algumas trazem medo; outras, tristezas. O fato é: elas vêm contra a
sua felicidade: dizem que não vai sair, que vai morrer só, que não é digno
desse ouro, que merece estar sujo, triste, cansado, faminto, sedento.
A esperança lhe falta, o medo se
apodera de seu coração, a solidão lhe agarra.
O que você tem ouvido?
Até o capítulo primeiro de seu
livro, Jeremias já havia ouvido muitas vozes e quem sabe as pessoas com quem
ele conviveu diziam algo sobre quem ele era e seria, mas nenhuma, com certeza,
foi capaz de dizer quem ele foi antes de sair do ventre e o que seria com
precisão no futuro; ninguém, além de Deus: “Antes
que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e, antes que saísse da
madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações.” (Jeremias 1:5).
A primeira pessoa a pronunciar o
seu nome não foi sua mãe ou seu pai; foi Ele. Antes que alguém o observasse e
dissesse o que você potencialmente seria, Deus bem o conhecia. O Salmista diz
que quando ainda substância informe, no ventre, Deus já o conhecia (Salmos
139:16).
Você já parou para ouvir o que Deus
diz a seu respeito?
Como a equipe de resgate no caso
dos mineiros, a equipe divina se move a seu favor – o vento divino sopra,
perfurando a multidão de crises que o estão sufocando, removendo cisco por
cisco (porque para Deus nossos maiores problemas são ciscos ínfimos) para dar
vazão ao ar de Deus que corre para encontrar seus pulmões, que estão cansados
de respirar com dificuldade, o pouco de ar que há no aperto em que você está.
A sonda Jesus é enviada às mais
baixas profundezas – ela procura por você, desesperadamente, ela quer você.
Você ouve um som.
A esperança ressurge.
Você chora.
Toda corte celeste está do lado de
fora. Eles querem notícias suas – será que está vivo?
O som fica mais alto.
A esperança aumenta.
“Porque
há esperança para a árvore, pois, mesmo cortada, ainda se renovará, e não
cessarão os seus rebentos. Se envelhecer na terra a sua raiz, e no chão morrer
o seu tronco, ao cheiro das águas brotará e dará ramos como planta nova.”
Jó 14: 7-9
O primeiro foco de luz invade a
escuridão em que você se encontra. Suas vistas sentem dor – há tempos que os
raios solares não tocam sua retina.
Dói, porém é necessário – a luz de
Deus provoca estranheza ao pecador que vive em trevas, mas ela traz a visão de
um novo dia.
Os raios de luz invadem todo o
ambiente, mas não é o bastante, ele não quer apenas a luz em você, mas você na
luz.
“Se,
porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os
outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado”.
1João 1:7
A
multidão de anjos que aguarda notícias sobre você, vibra ao ouvir que está vivo
– há festa!
“Eu vos afirmo que, de igual modo,
há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepender.”
Lucas 15:10
E então depois de tempos de sufoco,
você é resgatado. É guinado para cima onde todos o aguardam.
Primeiro você é saudado com festas
dos anjos, que o encaminham para sua nova família que carrega uma grande placa
com uma inscrição viva, que diz: Seja bem-vindo ao Reino de Deus!
Pronto, você está na luz!"
Texto: Reverendo Marvel Souza (@marvelsouzaoficial)
Que texto esplêndido!
ResponderExcluirTudo o que mais precisamos nesse momento é de esperança. Muitas vezes nos perdemos em meio às nossas buscas. Em muitos diversos momentos não sabemos o que fazer quando atingimos um abjetivo, pelo qual lutamos muito. O esforço é necessário, mas nem sempre o suficiente ou com o foco adequado. Ficamos com medo quando estamos presos e não nos damos conta de que o que, de fato, nós aprisiona é o próprio medo. O medo abala a fé, nós aprisiona e tira a nossa capacidade de ver, ouvir e sentir as mankfesyvies divinas. Mas, quando a luz chega, não há trevas que a resistam.
Que texto esplêndido!
ResponderExcluirTudo o que mais precisamos nesse momento é de esperança. Muitas vezes nos perdemos em meio às nossas buscas. Em muitos diversos momentos não sabemos o que fazer quando atingimos um abjetivo, pelo qual lutamos muito. O esforço é necessário, mas nem sempre o suficiente ou com o foco adequado. Ficamos com medo quando estamos presos e não nos damos conta de que o que, de fato, nós aprisiona é o próprio medo. O medo abala a fé, nós aprisiona e tira a nossa capacidade de ver, ouvir e sentir as mankfesyvies divinas. Mas, quando a luz chega, não há trevas que a resistam.
🙏🙏
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