Texto por Marvel Souza
Ao dizermos que
Jesus foi 100% Deus e 100% homem, não podemos desprezar o entendimento de que
nele estava a diversidade humana – (a palavra homem refere-se à humanidade como
um todo e não apenas ao sexo
masculino). Por assim dizer, encontramos em Jesus o exemplo do que acontece com
os que não se encaixam nos padrões estabelecidos pelas sociedades
fundamentalistas tradicionais.
Jesus frustrou
a expectativa de completa lealdade ao Império Romano, bem como traiu a
expectativa dos judeus ortodoxos, que esperavam um rei que se assemelhasse a
Davi – os Zelotes tinham uma expectativa, os Fariseus também, os Sacerdotes e
grandes líderes do templo esperavam do messias algo majestoso, imponente e
legitimamente tradicional. Mas Jesus desapontou a todos. E quem desaponta a
tantas pessoas de uma vez só, deve estar pronto para enfrentar retaliações! Foi
justamente o que Jesus fez – ele não negou a sua identidade, ele não mentiu
quando lhe perguntavam onde era sua casa, qual a sua origem, qual o seu
propósito de vida ou o que estava disposto a enfrentar para ser simplesmente
quem ELE VEIO SER.
As pessoas LGBTQIA+ se
veem na mesma situação, tendo que resistir às imposições daquilo que é
considerado normal e correto pela sociedade tradicional fundamentalista, quando
se trata de realização afetiva, profissional, familiar, sexual e religiosa. Dentro desse
contexto, encontramos os bissexuais – “não são gays o suficiente, tampouco são
héteros o bastante – são totalmente diferentes”. Quando se trata de
bissexualidade é comum surgirem as seguintes frases:
- “O bissexual
é um gay enrustido!”;
- “Você terá de
escolher um lado – ou você é gay ou é hétero!”.
Ser Bi pode ser
algo perigoso diante do clamor tradicional fundamentalista que insiste em dizer
que todos devem se encaixar perfeitamente na heterossexualidade, mas também
pode ser muito mais frustrante quando igrejas, intituladas como inclusivas,
rejeitam o entendimento de que os Bissexuais também são acolhidos por Deus e
amados por Jesus e, não podem ser esquecidos em suas congregações, não podem
ser silenciados em suas necessidades – eles precisam ter voz.
Talvez a maior dificuldade dos cristãos do
presente século, quer sejam cristãos fundamentalistas ou cristãos inclusivos, é
aceitar que diversidade é diversidade e, A DIVERSIDADE NÃO É BUROCRATICA.
Todos são bem
vindos ao Reino de Deus!!!
Jesus estava
isolado e sozinho, foi expulso de sua comunidade e foi vítima de espancamentos
e agressões verbais sem, contudo, deixar de ser quem ELE VEIO PARA SER: O
SALVADOR DA HUMANIDADE. Como vítima da
ignorância, indiferença e brutalidade humana, Jesus mostra solidariedade com os
inúmeros bissexuais, que constantemente sofrem o mesmo. As pessoas Bi
são amadas de Jesus e ninguém pode apagar isso.
Cinco dicas
para o acolhimento de Bissexuais em nossas congregações:
- Considere
que o amor de Deus suplanta todas as expectativas contrárias à salvação de
pessoas bissexuais;
- Ensine
que a santidade convém a todos os filhos e filhas de Deus, na vida individual
e coletiva – todos precisam se santificar por meio da comunhão com os
santos (irmãos na fé), da leitura e meditação na palavra de Deus, da
prática da piedade, da prática dos exercícios espirituais (jejum, oração,
adoração, contribuições e conhecimento da palavra);
- Não
exija que as pessoas bissexuais escolham um lado para estar – se hétero ou
homo. Paute o direcionamento doutrinário na capacidade de realização
afetiva que pode acontecer a partir da vida de intimidade com Deus;
- Abra
espaço para discussões sobre assuntos relacionados à bissexualidade em momentos específicos para esta finalidade;
- Ofereça
suporte contínuo nas decisões relacionadas à vida religiosa e secular,
mostrando a importância de enfrentar os desafios, sem contudo, mentir ou
omitir sua identidade verdadeira – o exercício da verdade deve ser
destacado na vida e na prática de todas as pessoas bissexuais;
- Ensine
as pessoas bissexuais a pautarem a prática e vida religiosa nos princípios
fundamentais do Evangelho: Salvação pela Graça, Justificação pela Fé, Regeneração, Amor, Reconciliação e Santificação;
- Promova palestras e rodas de leitura dialogadas, ouça as experiências de pessoas bissexuais e compartilhe estudos sobre bissexualidade;
- Sempre deixe claro que a realização afetiva de pessoas bissexuais é possível, precisa ser trabalhada e a igreja pode ajudar neste processo.
Talvez a maior dificuldade dos cristãos do presente século, quer sejam cristãos fundamentalistas ou cristãos inclusivos, é aceitar que diversidade é diversidade e, A DIVERSIDADE NÃO É BUROCRÁTICA.
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