Do alvoroço da multidão ao silêncio da tumba fria, Jesus é sepultado. Chegamos ao Sábado Santo (João 19:31-42).
Este é o sábado do silêncio, da tristeza da morte e da dor da perda. Os discípulos estavam desolados e não conseguiam ligar os pontos das profecias - seria este o fim do ministério de Jesus?
Pedro havia chorado arrependido por tê-lo negado, judas já havia dado cabo da própria vida - todos estavam sem norte. Cumpria-se a profecia: "ferirei o pastor e as ovelhas se dispersarão" (Mateus 26:31).
O ambiente fúnebre não permite que os discípulos interpretem os ensinos de Jesus sobre sua morte e ressurreição. Eles estavam tomados pela dor da perda. Algo que é comum a vida humana: achar que a morte é o ponto final. Isso aconteceu com marta e Maria quando Lázaro morreu (João 12). Elas chegaram a dizer para Jesus: "se o Senhor estivesse aqui, meu irmão não teria morrido". Ao que Jesus respondeu: "quem crê em mim, ainda que morra viverá. E todo aquele que vive e crê em mim nunca morrerá".
O Cristo que havia ressuscitado muitos mortos durante seu ministério, agora jaz em uma tumba. O que há de ser da esperança e da fé? Esse sábado, no qual Jesus está sepultado não está distante de nós e nos ensina a compreender a morte a partir de outra perspectiva: "Ele venceu a morte para nos garantir que nós também venceremos nele. A vida eterna com Deus agora é possível por meio do sacrifício expiatório".
Por fim, devemos resgatar um exemplo bíblico que ilustra com radicalidade o significado profundo da morte. A cruz e a morte experimentada nela por Jesus não foram acidentes de percurso. A morte de Jesus de Nazaré foi consequência de sua vida. Sua intransigente opção pelo bem e pelo amor o fizeram ter de encarar as ameaças da cruz. Como não recuou um milímetro em sua opção, a morte levantou-se como inevitável e é exatamente nesse sentido que a morte passou a fazer parte de sua vida; e, mais ainda, a morte deixou de ser fim e passou a ser inauguração de uma nova dimensão da caminhada: a ressurreição.
O Cristo ressuscitado é o mesmo Jesus crucificado; carrega as mesmas chagas. A vida, porém, ascendeu a um novo patamar onde as fronteiras entre vida e morte ruíram e um Ser Humano novo, recriado, passou a viver plenamente!
É isso – Tempus Fugit! Carpe diem!
Texto: Reverendo Marvel Souza (Instagram: @marvelsouzaoficial)
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